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Como olhar as contas da sua empresa pode ser a saída da crise

Em evento sobre gestão financeira, especialistas falam da importância de fazer o controle financeiro do seu negócio, diante da recessão econômica

Uma dica que todo empreendedor recebe antes de abrir seu negócio é a de fazer muito bem as contas de investimento inicial, prazo de retorno e capital de giro, por exemplo. No meio da operação, porém, muitos se esquecem de refazer tais cálculos e perdem dinheiro sem nem perceber.

Erros assim costumam ser fatais: um terço dos negócios no Brasil fecha com menos de dois anos de operação, segundo o último dado divulgado pelo Sebrae. Em tempos de crise econômica, pior ainda.

Por isso, especialistas resolveram explicar por que organizar as finanças empresariais é tão importante – e como fazer isso, passo a passo. As dicas foram dadas durante o evento “Gestão financeira: cenários, planejamento tributário e controle do fluxo de caixa”, que ocorreu no WTC Business Club, em São Paulo.

Os objetivos de uma empresa

A gestão financeira é essencial para que a empresa mantenha o tripé que a sustenta: rentabilidade, geração de caixa e sustentabilidade.

O primeiro objetivo de um empreendimento é ser rentável (definido por lucro sobre o investimento); depois, deve gerar caixa e distribuir lucro aos seus investidores – que pode ser, inclusive, apenas o próprio empreendedor.

No último ponto do tripé, está a sustentabilidade: a garantia de que a empresa em que investimos ainda existirá após alguns anos.

“Muitas vezes, a empresa se preocupa muito com a geração de caixa e pouco com a sustentabilidade: os donos retiram dinheiro do caixa e não reinvestem na empresa. Assim, não garantem a sustentabilidade dela”, alerta a professora da FIA Dariane Fraga.

Manter esse tripé é essencial não só para que seu negócio sobreviva, mesmo durante a crise, mas também para que ele traga segurança a quem coloca dinheiro no negócio.

“Em uma poupança, você ganha por volta de 6% ao ano. Em um investimento mais arriscado, como ações de uma grande empresa, o rendimento está por volta de 10%. E nos grandes empreendimentos nós temos mais garantias, como uma governança corporativa estabelecida. Enquanto isso, a pequena empresa é um investimento mais arriscado ainda, em que se estima um retorno de 20% para cima sobre o valor investido.”

Então, como organizar as minhas finanças?

Em todo negócio, existe a função do gestor: aquele que deve decidir de forma eficaz todos os recursos da empresa, incluindo os financeiros. Se você fizer uma boa gestão, seu empreendimento não apenas sobreviverá à crise, mas será também mais bem valorizado.

Fraga lista uma série de etapas para que as empresas façam um controle financeiro do seu negócio. Por dentro do assunto: veja com a Mandaê os indicadores de desempenho para o sucesso do seu negócio Patrocinado

A administração de recursos começa bem antes de o empreendedor lidar com números: a definição dos objetivos da empresa e do próprio empreendedor é o primeiro passo.

Com as metas traçadas, é preciso elaborar uma estratégia a partir da análise tanto do ambiente externo (situação econômica e do mercado) quanto do interno (dados anteriores de resultados e registros financeiros). Tal estratégia deve incorporar gestão de pessoas, inovação, qualidade de entrega e tecnologia.

As estratégias formarão um plano estratégico, que deve incluir um plano financeiro. Transforme suas estratégias em números, como geração de caixa, indicadores financeiros e resultados almejados. O ideal é que o plano estratégico seja projetado por cinco anos, de acordo com a docente.

O plano estratégico se transformará em ação. A partir daí, o gestor deve comparar seu orçamento planejado com o realizado. Essa apuração dos resultados em todas as suas linhas, indo além do faturamento apenas, é chamada de controle financeiro.

“Com esse controle, você descobre se seus problemas são em curto prazo, de capital de giro, ou em longo prazo, de estratégia. Enxergando variações entre o planejado e o realizado, você pode fazer análises e tomar novas decisões”, diz Fraga.

Isso não irá apenas impedir que sua empresa entre em apuros financeiros: com o tempo, irá trazer segurança aos investidores e seu negócio será mais valorizado, inclusive financeiramente.

Perdendo o medo de regularizar os impostos

Na gestão financeira está incluído também o pagamento de impostos e de outras obrigações legais. Muitos empreendedores preferem operar na ilegalidade com medo de que a regularização possa trazer encargos insuportáveis. É preciso acabar com o conceito de que o planejamento tributário é algo negativo, segundo Ronaldo Martins, CEO da Ronaldo Martins & Advogados.

“O pequeno e médio empresário deve usar o planejamento tributário como um instrumento de gestão, tanto financeira quanto empresarial, e não ficar preocupado com os reflexos que tal uso traz. Não há reflexo nenhum. Pelo contrário: quem não usa o planejamento tributário perde uma grande oportunidade de fazer negócio e ter rentabilidade maior”, defende Martins.

Isso porque, com um planejamento tributário, a empresa pode reduzir seus riscos e custos indevidos; isso não só gera um aumento da geração de caixa, mas leva à maior lucratividade e maior participação de mercado, para o especialista.

Para fazer um bom planejamento tributário, Martins dá duas dicas. Primeiro, reveja seus processos para reduzir custos, prazos e riscos. Depois dessa recuperação de tributos, adote procedimentos inovadores na hora de importar, exportar e lidar com o mercado interno. Com ações simples, você pode reduzir bastante sua oneração tributária, de forma legal.

“Em um momento como esse, a sobrevivência será difícil sem seguir o caminho da formalização”, pontua Dennis Herszkowicz, diretor financeiro da Linx, que oferece softwares para o varejo.

“A gente acha que, por sermos pequenos, não temos de ter certas atitudes porque elas não trarão valor. Porém, elas geram sim um valor. Não um de curto prazo, visto apenas nas tabelas, e sim um intangível, reconhecido por investidores e que coloca seu negócio à frente da concorrência.”