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Aterrorizar funcionários causa perda de produtividade, alerta especialista

A cultura do medo obrigado o funcionário a trabalhar mais para evitar consequências indesejadas, mas prejudica as empresas com um trabalho muitas vezes mal feito e a baixa retenção de colaboradores

De acordo com pesquisadores da Havard Business School e da Penn State, o medo de retaliações, punições, humilhação e demissão são os principais fatores que acarretam na perda da produtividade profissional dentro de uma organização. De acordo com a publicação dos órgãos, essas preocupações geram insatisfação e consequentemente reduzem o rendimento dos profissionais, fortalecendo destruição da criatividade, desfavorecendo o compromisso de todos os funcionários da empresa, o que, por fim, termina interferindo no comportamento dentro do escritório e na má execução de projetos.

O resultado do estudo aponta que a cultura do medo faz com que os funcionários que sofram desse mal trabalhem mais para tentar evitar consequências indesejadas, ao mesmo tempo que podem prejudicar as empresas, já que o trabalho em tempo extendido e sob pressão pode ocasionar em uma baixa retenção de funcionários.

Para Rogério Londero Boeira, professor da escola de aprendizagem corporativa Cultman, a queda da eficácia do trabalho ocorre porque não há como os profissionais evitarem suas emoções. “Elas estão presentes em cada decisão que tomamos e uma de suas funções é dar estímulos para que o cérebro possa reagir de maneira rápida a determinadas situações. Ao aprovar um projeto, estabelecer prazos ou escolher fornecedores, por exemplo, as emoções já estão criando atalhos, inconscientemente, que nos tornam mais propensos a uma ou outra decisão. Identificar as emoções é um exercício difícil, porém necessário, para que a tomada de decisão, o planejamento e a realização de projetos sejam realmente eficientes”, opina.

O professor complementa afirmando que quanto mais difícil e incerta for a decisão a ser tomada, maior será o envolvimento dessas emoções no processo de escolha.

Pensando nisso, Boeira se especializou e transmitiu para seus alunos um método de autonegociação capaz de amenizar tais problemas, ou seja, uma maneira de trazer à consciência as emoções presentes na tomada de decisão e ponderá-las com o conhecimento técnico para um melhor resultado nas escolhas, permitindo lidar melhor com sentimentos como frustração e medo de falhar, acarretando em um maior amadurecimento profissional.

Desenvolver a capacidade de autonegociação levará você a uma maior eficiência no momento das decisões, bem como quando nos sentimos ameaçados. Um bom exemplo disso é quando vencemos uma disputa. Geralmente, sentimos orgulho e aumentamos nossa autoestima quando isso acontece, do mesmo modo que sofremos angústia e frustração quando perdemos as disputas da vida. 

“Em muitos casos nos sentimos confortáveis em tomar decisões de acordo com a direção apontada pelas nossas emoções ou pela nossa intuição, pois emoções positivas interferem na motivação para analisar as informações. Criamos um bloqueio ou resistência àquilo que nos é estranho e, por isso, fica muito mais fácil aceitar a emoção do que se questionar antes de fazer uma escolha consciente”, afirma Boeira.

Um bom exemplo disso é o escândalo da refinaria da Petrobrás em Pasadena, nos Estados Unidos. Para ele, decisões equivocadas geradas pelo desconhecimento ou por subestimar os riscos podem ser evitadas com a autonegociação.

"A justificativa que vemos rotineiramente sobre esse caso é o que se chama de willful blindness, quando alguém tenta isentar a responsabilidade de algo que cometeu sem intenção. Se um líder não sabe todo o contexto, mas conhece a autonegociação, vai fazer ou se cercar de pessoas que saibam fazer as perguntas corretas para tomar a decisão mais eficiente. É um exercício complexo porque as emoções que sentimos diariamente são acompanhadas de memórias e outros sentimentos associados. O passo fundamental é saber que elas existem e que podem influenciar suas escolhas. Quem consegue identificá-las no momento em que se manifestam e ponderar com as informações técnicas para tomar a melhor decisão está no caminho certo para o sucesso”, declara Rogério.

3 dicas para melhorar a autonegociação, segundo o professor Rogério Londero Boeira:

1) Anote suas impressões: Anote as impressões após interagir com alguém, relendo sempre as anotações antes de voltar a conversar com aquela pessoa sobre o mesmo tema.

2) Observe atentamente: Analise as pessoas que interagem com você no dia a dia, tentando sempre identificar  os momentos em que elas apresentam sinais de excitação, emoção, orgulho, desdém, frustração, medo, alegria, ou qualquer outra emoção.

3) Pratique: Após analisar os outros, chegou a hora de aplicar os exercícios a si mesmo. Com isso, você conseguirá buscar o autoconhecimento, deixando o processo de identificar as emoções diárias que sentimos mais fácil, além de perceber o momento em que elas influenciam a tomada de decisão.